O Tempo Não Envelhece.
Certa vez sentei-me à beira do caminho só pra ver o tempo passar; a posição era estratégica, bem no alto do chapadão de onde eu visualizava todo o vale. Às minhas costas estava o nascer do sol, e à minha frente o ocaso. Lugar deserto, mas lá em baixo na encosta do platô uma estrada que se perdia de vista, mas certamente por ela passavam seres viventes.
Pássaros gorjeando à minha volta, anunciavam que o sol estava nascendo por detrás das serras distantes. Minha sombra se projetava no chão, e ia diminuindo de tamanho conforme o sol ficava a pino. Eu sabia que o tempo estava passando por mim, mas eu não tinha relógio para o registro do tempo, nem passado, nem presente e nem futuro. Sabia que ali havia uma linha imaginária, porque tanto a minha sombra quanto a sombra das arvores ali presentes caminhavam numa mesma direção. E o tempo passou; olhei para trás com o sol à minha frente e percebi que eu tinha envelhecido, o tempo não.