A TECELÃ DE PALAVRAS ( Homenagem à CLARICE)

Não quisestes ser particular

Tornaste pública

Quiseste ser uma mulher simples

Seus leitores a fez sofisticada

Roubaste uma rosa em “Cem Anos de Perdão”

E me fez conhecer-te num banco escolar.

Identifiquei-me contigo,me fiz tua amiga

Não a entendia bem.Não me importei !

“Ambas roubávamos rosas,pensei.

Muito depois ,novo reencontro

Em ‘Perto do Coração Selvagem”

Bebi suas palavras,me senti Joana

Em ‘Paixão Segundo GH”

O confronto, a procura.

A busca incessante do ser.

Ainda sinto a barata. Fotografo-a.

Mentalmente.

E leitora pouco inteligente

Canso de sua filosofia.

‘Sou comum, com nojo da barata

E nessa reflexão tortuosa

Rastreio,rastejante,inconsciente.

Sou barata intelectualiza.

‘Hora da Estrela”,novo encontro

E o grito do silêncio.

Eu me silencio,perdida em palavras

Angustiando-me ,com tua angústia.

Sou Macabéa,muda

Na multidão de tuas palavras.

Sou uma estrela esfacelada

Tentando agarrar palavras

Que me levem à Estrela.

(VeraCalza /Foz , 2002)