Dia de solidão
Da porta aberta espreita o olhar para a rua chuvosa.
Dia de solidão.
Navegam folhas secas nas correntes de enxurradas.
Confidências nos jardins, de pétalas para
pingos de chuva que se amam.
Há tantos sentimentos nas pessoas e tantas diferenças em sentir.
A vida segue seu rumo, cada um na sua ação,
no intuito de ser melhor para si.
Todas as paixões se entregam ao espelho da saudade.
Insistem em se ver novamente, mesmo que em cacos.
Ilusões são como barcos náufragos em pleno mar da tranquilidade.
O olhar passeia pelos telhados contando histórias.
Há tantos horizontes no peito das pessoas.
A mente os desenha criando sensações.
Distâncias balbuciam sorrisos plenos
e o dia se vai esticando nostálgico.
Muros namoram fachadas de casas.
Tantos limites nas apegações.
Pessoas são assim também: muros e fachadas.
Estendem sorrisos, depois aprisionam prantos.
Vai cessando a chuva levemente.
Lenços de saudade não conseguem enxugar lágrimas.