Por que escrevo?
Por favor não me rotulem "prisioneiro do passado" por não conseguir me desvencilhar do meu mundo antigo.
Através das palavras e frases, tiro partido, uso e abuso do meu subconsciente. Escrevo externizando minha rotina de contemplação. Às vezes, nem sinto meus pés no chão!
Sou fiel amigo da criatividade e da cafonice. Sou tímido no amar e intenso como se fosse a última vez.
Misturo, através dos meus escritos, os extremos do meu sentimento. Lavo sorrisos com lágrimas; vôo no imaginário para conversar com as estrelas; rapidamente, retorno pousando para cultivar, para sentir o perfume de uma bela flor.
Em pensamento, sou plebeu com ações em um principado. Minh'alma musicada e poética, viaja, respira, resiste e alimenta-se do melhor, do essencial, do primordial do meu espírito.
Escrevo porque, usando os verbos e seus complementos, venço todas as distâncias, sinto todas as fragrâncias, revivo minhas lembranças, sem tantas andanças...
Jamais me canso porque me deixo levar. Quem me trouxe, até aqui, até agora, cuida bem de mim. É minha razão de viver.
Vivo uma espera que não me inquieta, apesar das minhas rimas de saudade com realidade; de ausência com subsistência.
Sou o único responsável e réu confesso das minhas momentâneas dores mas logo recomponho-me, enfrentando qualquer parada de tormentos e lamentos.
Assimilado o golpe, uma estrela volta a luzir, ensinando-me a traduzir a linguagem do tempo e o que ele de mim levou.
Há quem leia minhas entrelinhas me decifrando os segredos. Sabe de todos os meus medos e quando meu coração está sob sol ou chuva. Conclue, com sabedoria, que não sou tudo, que sou quase nada. Foi companhia em viagem em que em retas muito acelerei mas, vacilante, em curvas derrapei...
Sonhador, por excelência, acredito que um dia, a felicidade irá desabar sobre mim. Vou sim, dormir no ponto porque não quero escapar dessa avalanche que minha caneta me proporciona, me fazendo acreditar na distante manhã que tanto persigo e preciso...