Notas de silêncio
As mãos estavam sujas
E o pensamento voava limpo, livre
Havia o vento batendo no rosto
E um frio fazendo tremer a alma
O olhar se perdia nas mesmas palavras
As frases tinham acabado
E o silêncio reinava entre as horas
Que esquecidas não contavam os dias
Nem dormiam nas noites sem lua
O medo estava esquecido
A saudade ainda não
Tocava a face insistentemente
E o coração escravizado
Fiel em cada súplica
Em cada espera
Em notas exaustas
E a música trilhava o caminho
Era o mesmo, talvez, algum dia
Clarearia a escuridão tão triste
E a imagem refletiria o rosto esperado
O tempo foi calcificando instantes
Versando histórias
E a poesia entranhando os seres
O tempo continuava ali
De braços cruzados
Olhava como um algoz
Ofertando chibatadas
Sulcando a vida
Deixando cicatrizes feias
Agora o que resta é seguir
E apanhar as notas de silêncio
Que desenham teu contorno bonito
E ler, procurando um sentido
Um caminho
Uma direção.