O fim de qualquer coisa
Lembro de meus pecados sendo lavados no rio Jordão, quando, há milhares de anos, nos encontramos pela primeira vez. Hoje, de novo nas mesmas condições, novamente nos encaramos. Nossos corpos vibram como se nos apaixonássemos pela primeira vez, através de tudo e do tempo. Quando canto, sinto toda a força do universo vertendo dos pulmões e lembro da minha infância, de minha mãe dizendo “Não se cura a existência”. Nos vendo aqui hoje, não sinto remediado, mas tenho renovado o propósito da busca incessante disso a que não ser dar nome, do caminho, de nós. Reencontros, reencontros, reencontros... martela no lobo frontal, no choro, no sangue do milagre de um dia ser filho, ser pai e eternizar-se em amor e verdade. Grito em exaustão e paz: “Como quis saber! Como quis saber”. E sabendo, evanesce a intranquilidade, que é como deitar-se cansado, entregando-se a dor fina irradiando pelas costas, o fim de qualquer coisa.