Partes de uma casa, partes de nós
Uma Casa.
Portas que viram os pirralhos e as gurias saírem de olhos brilhantes em direção ao futuro.
Tapetes recebem quem chega, nem sempre de coração limpo.
Janelas servem para ver as Estrelas. Estão em falta nesses dias
Vidraças para encostar o rosto e aguardar o amor retornar.
Cortinas esvoaçantes, mensageiras das emoções do Tempo.
Cadeiras vazias, símbolos da Saudade.
Armários e as roupas mais belas
Cômodas e os perfumes mais caros.
Espelhos refletem as imagens ou renovam a imaginação.
Geladeiras gelam tudo e por fora penduricalhos lembram telefones esquecidos.
Fogão esquenta tudo, mas não queima mais do que o coração.
Mesa da cozinha tanto tempo para arrumar, tão pouco tempo para comer e conversar.
Pia ali se lavam as louças, enxugam-se as lágrimas em panos de prato.
Cama é um ninho de pouso para pássaros noturnos geram amor e descanso até o raiar do dia.
Televisão comunica tudo do bom ao ruim.
Trastes jogados pelos balcões, gavetas, ranchos...
Muitos trastes nós jogamos num canto do coração.
Um dia resgatamos tudo e nos limpamos, transformando-os em relíquias de alto valor emocional.
Caminhos há tantos, chegar aonde? Esta é a questão.
Canecas existem várias, mas cada um prefere a sua, nelas o café tem um gosto especial.
Flores existem muitas, mas lindas igual ao do jacatirão é difícil achar.
A chuva tem mais pingos do que as lágrimas, mas não pesam tanto.
As obras passam e o feitor também.
Fica sempre o amor e o ódio.
Prevalecerá o que cada qual fez de melhor doação.