Fotografia de uma anjinha
Folhas secas dormindo nos recantos;
pisoteio calmamente o lugar que caminho.
Jardim calado na manhã com névoa.
Flores conversam entre si.
Lembro-me de uma amiga e ouso
acariciar as pétalas de uma rosa.
Acho que ela tem um orgasmo;
trêmula deixa um pingo de orvalho rolar.
Tantas imagens se fazem presentes,
tantas minúcias se completam na mente.
Sento num banco vazio.
Ele me conta detalhes de amores, eu apenas ouço.
Vejo que o tempo é um homicida e
nos carrega pela mão em toda paisagem.
Tiro do bolso uma foto e fico olhando
seu rosto com sorriso estelar.
Rabisco uns versos na mente,
margeando teu olhar sereno e encantador.
A vida brinca em cores e sons.
Por todos os lados há beleza.
Eu me detenho na intenção de mapear tua face
e em cada poro eu paro e beijo.
Acima das árvores sobrevoam anjos;
tímidos, invejosos e se perguntando:
Como esta anjinha linda se deixou fotografar?