Caçador de poemas
Caminho por aqui, como um estudante que caminha por um bosque todas as manhãs e espera por uma surpresa.
Talvez o canto de um pássaro,
uma flor recém desabrochada, ou apenas o infinito azul através dos altos ramos.
Eu caminho por aqui e fico a imaginar que poema novo a moça de nome sonoro e belo, nome de poeta, irá publicar hoje.
Se caso ela não os publicou ou por alguma razão não os encontrei,
Assim como o estudante volta no dia seguinte pela mesma estrada entre bosques,
eu volto a procurar pelos seus poemas.
Acumulo sonhos.
Sempre gostei de nomes e corações gravados nos troncos de árvores.
Da mesma forma, dos grifos e notas de leitores anteriores nos rodapés das páginas dos livros.
Na infância, no tempo que ainda usava -se emprestar livros,
li no rodapé de uma página com um poema cujo titulo era-
Uma vida sem Deus,
"Penso que eu sou assim""
Muito tempo depois eu ainda pensava no leitor desconhecido, e intrigava-me aquela anotação.
Talvez por isso me interessei pela filosofia.
Pode ser que da mesma região neural,
de onde surge o gosto por notas de outros leitores,
corações gravados em tronco de árvores,
venha também estes gostares de ler
o que outros olhos leram.
Talvez seja busca por irmandades,
procura pelos iguais, Talvez,
Ou não.