Singela póstuma em reverência ao meu amado tio - Raul Facury. (in memoriam) - 25/12/2005 - Texto póstumo de Facuri- Luís Carlos Ammirabile
Singela póstuma em
reverência ao meu amado tio - Raul Facury.
(in memoriam) - 25/12/2005 -
Quero tingir este livro com a memória do tio que entre outros o que mais amei. O Tio que menos foi pela vida privilegiado foi com certeza aquele que mais doou, compartilhou e deu de si durante suas visitas, estadas, idas e vindas passageiras, quase sempre de suas inesgotáveis viagens como vendedor. Vezes outras, presenciei Tio Raul, pedindo emprestado para ajudar estranhos, quando não esvaziava seu próprio bolso, na tentativa de mesmo sem poder, ajudar amigos ou parentes. Tio Raul era inexorável na briga contra a injustiça, muitas vezes constatada no caminho da vida e diante de seus olhos e quando aplicada a estranhos, saia sempre em defesa dos subjugados. - Ah, jamais ficaria diante de sua ira, seu punho em riste redundava a uma tonelada, mas nunca para os covardes ou fracos e sim para os injustos, arrogantes, armados e outros desavisados. Do Noroeste de Minas para o reduto da boemia carioca, veio ter seu único amor no interior de São Paulo e lá ficou. Teve a mente e experiência de homem viajante e coração de menino. Para ele só importava quem éramos e não o que tínhamos. Três semanas antes de seu falecimento, eu e tio Raul, nos atrasamos para um almoço em Atibaia, chegamos indelicadamente às 7 da noite, pois Tio Raul aceitou meu convite para uma parada na estrada. Fiquei em sua companhia, ouvindo, como não poderia deixar de ouvir, seus “causos” memoráveis em um bar de estrada, onde até neste simples bar, tio Raul sem perceber, me ensinou ora recordando que as pessoas que a gente mais ama na vida, são tomadas de nós de forma abrupta ou muito depressa, por isso, sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas. Pode ser a última vez que as vejamos. Até isso ele doou. Rico tio Raul. Insuficientes são estas linhas, para postumamente, a quem não o conhecera bem, falar sobre ele, pois seriam necessários muitos dias corridos. Sempre cobiçada sua presença nas reuniões e em datas memoráveis na família, pois era considerado nosso 'show-man'. Impossível ficar triste a seu lado, mesmo durante relatos ou ocasiões tristes, afinal, sua diferença sempre fazia a diferença. Devoto e protegido do Menino Jesus, o qual sempre titio nos disse: Minhas sete vidas de gato, devo a “Ele”; o mesmo menino, para prestigiar nosso tio astro, fez com que no dia mundialmente exortado de seu nascimento, 25 de dezembro, dia de natal e morte de tio Raul, tenhamos a partir de então, pelo resto de nossas vidas, dois motivos para lembrar e comemorar: O nascimento do menino e o inigualável, incomparável e inesquecível, Tio Raul!
Vá, guerreiro Raul,
Tua presença imantará a vastidão,
Mantenha o Universo incólume e azul,
Pois aqui deixastes saudades e recordação!