silencio

Escrever é a mais cruel nudez, escrever descrevendo, escrever com os olhos na ponta da faca. Captar o instante do encontro, entre você e o ser que espera vir a luz, o poema, córrego invisível que sabe, que nos aproxima do real, presente dos deuses que vem pelo subterrâneo. A poesia é uma dama de uma simplicidade incrivelmente simples, se falasse a língua dos homens diria: escreva o poema que eu o preencho?. O real salta numa barca bonita, se torna grafos de impressões, o poema é uma maquina de falar, mas para isso temos que lê-lo, temos que lhe navegar pela leitura, o que ele fala não está em suas letras. ir com ele na profundidade de seu domínio; não existe poema compreendido, existe poemas que o leitor não tolerou o seu abismo, seu lastro com o infinito. O que revela o poema? nada mais que o silencio laboriosamente embalado pelas palavras, o silencio, a pureza, o ponto que não podemos,o ponto que não temos, o ponto que é indistinto a qualquer pudor. Ler um poema não lhe indica o seu segredo, experimenta sim sua face mais certeira, a porta de entrada, o poema

não é indicado para os impacientes, é o vulto que nunca se acaba.