o lado escuro do sol
estamos todos inseridos num
dificílimo conjunto de leis universais
que rege a coisa das pessoas,
um complicado aparato (i)moral
que governa o fio,
tece os encontros,
dispõe dos nossos braços
como máquinas amputadas
na cronologia dos abraços,
dispõe da nossa boca enquanto
silencia o eco da brecha
da falha universal
intrínseca
de todos os bichos e anjos
um código nuclear inscrito
na língua morta das estátuas,
fachadas que iluminam
a si mesmas no cruzamento
das avenidas permeadas pelo
pavor do sol em ruas paralelas
de começo de novembro,
óbvias, como o amor
e a sal das nossas vidas
a vida das flores
espalhadas pela capital azul
numa segunda qualquer
enquanto a fuga é possível
e a janela está aberta
a chuva molha as plantas
na varanda e o vento corre
sobe seu nome,
acena e se despede
das barbas politicas
e dos retratos
enquanto a lua ilumina o caminho
do centro até o jardim.