Tem vezes que nada amanhece
Há tantos livros que nunca são lidos, apenas enfeitam estantes;
Assim como há tantas pessoas que só enfeitam ilusões.
O dia se balança nos ponteiros do tempo.
A chuva cai molhando lamentos e
escorre enxurrada no canto dos olhos. Saudade é maldade.
A tarde se esvai deslizando em luz
que se perde no horizonte, lentamente.
Há tantas flores murchando nos jardins,
tantas emoções bailando com a mudez do silêncio,
seguindo o ritmo do grito que se desprende do mesmo silêncio.
Grandes cidades, grades e grades, alarmes e covardes.
Há tantos prazeres desfrutados,
tantas folhas secas pelos pátios.
Há pegadas e rastros que se seguem sem direções definidas
e as avenidas se lotam de luzes indefinidas, de medos e mendigos.
A noite chega com luar e estrelas
e a solidão nos livros se desenha,
nas margens sem histórias concretas.
Nas janelas das casas, abrem-se cortinas por detrás dos vidros.
Há tantos sonhos nas pessoas e tantos deles
apenas se penduram no tempo e sorvem madrugadas inteiras,
nada amanhece.