MULTIDÃO CALADA

Já visitei tantas terras, aqui desse meu Brasil,

caminhei sonhando um silêncio que implora.

Fiz “ouvido de mercador” de tanto ouvir “meu senhor”,

cada sentença um pedido, um grito sem resposta.

Aqui no meu Brasil, são vitórias e muitas derrotas.

Eu trilhei a noite me escondendo da fome, não a minha,

há tanta fome que por perto se avizinha, haja lua pra contar.

O sol amigo de tantas jornadas, não é santo de oração,

porque não é sua culpa se na terra chove não.

E a chuva que de tão pedida, aparece de uma vez só,

vem como rio em cascatas, levando o pouco que resta.

Já visitei o verde que tanto sentido faz, o que mais?

olhei o bom que se produz e o mau que produzi,

fiz como regra, olhar meus passos corridos,

seria eu apenas um elo perdido entre sonhos?

há tantos Brasis e tantos sonhadores, que durmo...

um sono jamais tranqüilo enquanto durar meu silêncio.

enquanto eu for o retrato de uma multidão calada.

Jose Carlos Cavalcante
Enviado por Jose Carlos Cavalcante em 20/08/2007
Reeditado em 25/08/2007
Código do texto: T615718