Com a Boca Amargando
Estou pensando muito naquele velho que vi no metrô quando estava voltando da Exposição ''Babydoll: Toda Mulher merece ser boneca'';
- Você não vai querer nenhuma bala?
- Hoje, não.
- Deus o abençoe.
Estou começando a chorar agora;
É óbvio, que o ponto do metrô mudou muito;
Não há mais aqueles homens que realmente não têm condições;
Mas a minha mãe disse, que ele vendia ali há muitos anos.
Eu nunca me emocionei com essas coisas;
Talvez, seja somente a minha fase sensível.
Me cortei de Junho até Setembro desse ano;
E tive algumas tretas com a Direita;
Com meu antigo colégio militar;
Com o primo da Franciele;
E acabei perdendo uma das minhas amigas por falta de paciência dela para comigo.
Sem falar no Dr. Pavel;
Que só lembra de perguntar cadê o dinheiro no extrato?
E que eu gasto o dinheiro da minha mãe com meus cigarros;
Sem saber, que nossos ganhos são separados.
Aliás, até hoje me pergunto se é dever do psiquiatra perguntar:
- O que você faz da vida?
- Cadê o seu dinheiro?
Mas eu não pude fazer faculdade por causa da minha dificuldade em cálculos, pois sou apráxico e iria me foder no Vestibular;
E minha vida social ficou um caos por causa do preconceito e dos cortes do pulsos.
Se o sangue amargo é tão sério e selvagem;
As dores de estômago, os demônios falando que a Emily, minha mãe e Tollettino, vão morrer;
Em forma de estralos bocais e chiados na cabeça;
São mais sérios ainda.
Como Stefanie, saio acompanhado da Estação Corinthians-Itaquera até a Consolação;
Com temor da sociedade.
Ainda bem, que Deus me deu nas mãos o amor de ser poeta e a paixão pelas Letras e pelo Jornalismo;
Senão, seria um mendigo com lar.
E mesmo se eu fosse considerado normal pela sociedade;
E voltasse para Terra perfeito e sem uma perna de Barbie;
Eu escolheria a mesma profissão. - Sem tirar nem pôr.
Escrever o que se sente;
A tua visão de mundo;
É a coisa mais bonita do universo.
Os demônios dizem que não. - Os anjos que estão em volta de mim, dizem sim. - Mesmo escrevendo de graça e tendo mais trabalho que o Zack Magiezi;
Escrevo por amor e não por dinheiro. - Esse é meu esfacheio geral.
Mesmo que no Centro a burguesia ousa a feder e faz-me sentir deslocado;
Eles são mais simples;
Que as pessoas que estudavam comigo no Colégio.
Hoje, o almoço sai tarde;
Quero obedecer Emily pra ela sempre confie em mim...
O almoço sai mais tarde;
Vou dormir um pouco;
Esvaziar a dor e o ódio do meu coração;
E deixar Deus me acalmar dentro de minh'alma.
[Paulo, não sou pseudo-intelectual].