Exorcizando os demônios que me habitam
Acostumei-me a engessar dentro do peito
a tristeza que me devora desde sempre
regando meus sentimentos com álcool, tabaco
e boa música (na verdade... qualquer música).
Anestesiando assim, a dor que me rói por completo
e que me faz impotente diante de mim mesmo.
Hoje...
Continuo bêbado.
Fumante compulsivo.
Notívago incontrolável.
Tudo por causa dos sons que ouço pipocando por toda a cidade.
Cada luz acesa nas vielas do bairro me atrai
cada birosca que explode frente aos meus olhos breacos
enquanto meus sentidos descontrolados,
zapeiam pelas ruas e avenidas os lugares mais improváveis
e o cérebro desorientado me guia para os buracos mais plausíveis.
Cada barulho de vidro tinindo no asfalto
cada grito desconexo que irrompe o silêncio e aguça os ouvidos
cada peso urdindo na consciência no dia seguinte
cada ferida mal curada, cada dor sentida, cada mágoa mal tratada...
Cada porrada na consciência. Cada cena vivenciada...
São partes que compõem momentos irretocáveis do meu caminho.
Remontam parte do que sou. Dizem de parte do que fui...
Indicam em parte, o que eu posso vir a ser.
Apenas partes avulsas do quebra-cabeça gigantesco
e intangível da minha vida.