Bálsamo

Tenho experimentado viver de encantamento

engordar a alma pelos olhos de comer singelezas,

a ponto que ela não caiba na casca e transcenda

vezes muitas,

a cutucar os cantos, até que se ache essências

e que se vislumbre qualquer réstia da humanidade florescida

e que coisas tantas,

planta, gente, bicho,

seres animados e (des)inanimados

sejam infinitamente tocados com amor.

Ando querendo descansar os olhos em tudo,

sem pressa, até que deem vida ao olhado.

Gostei mais de uma pedra dançante

que me rebolou horas a fio camuflada de sol.

E de uma moça morta,

que foi nascendo vida onde não tinha

para poetizar comigo.

Gozo de sã consciência agora.