SONHOS CONFUSOS, PALAVRAS CALADAS
Nem acredito que estou aqui novamente,
Em um sonho encantador
Sonho que me desperta o amor
Sonho que me afasta a dor...
Mergulho nessas águas calmas e transparentes.
De repente, sinto gelar-me o corpo inteiramente
Nado entre os peixes mais belos
Desnuda, como à Terra vim, entrego-me a forças desconhecidas
Os mais belos peixes venero, pois são seres etéreos que passam por mim.
Enquanto meus cabelos dançam no ritmo do rio,
E, como ondas oscilantes, seguem brincando,
Meu fôlego se esvai de uma única vez,
Minha face emerge em busca de ar,
Meus olhos se abrem devagar...
Presencio o espetáculo da vida
Deleito-me.
Como me fez falta toda essa beleza!
Tão linda pureza
Vejo o céu, sem nuvens, límpido, de um azul profundo,
Que percorre a alma e engole o mundo.
Penso poder tocá-lo, senti-lo enlaçar aos dedos.
Aspiro, bem fundo, o aroma das belas flores invisíveis.
Deixo o corpo flutuar de braços abertos,
Durmo um sono profundo em meu próprio sonho.
Levada pelas águas, escolho não escolher caminho algum
E neste estado tranquilo, fundem-se razão e emoção...
Percebo a total ilusão que alimento em meus pensamentos loucos,
Onde a realidade e o sonho se tornam um só.
Um único rumo que me liberta
Liberta-me dos medos, angústias, feridas
Liberta-me de mim mesma
E me apresenta, enfim, à sublime e incomparável Natureza.
Peço-lhe uma mísera atenção
Terra, tu que és tão remota,
Tu que nunca envelhece,
Conforta-me os dias com tua energia aconchegante,
Mostra-me as miríades de estrelas cintilantes
Eu te amo na tua triunfante simplicidade,
Eu amo ser parte de ti,
Tu me tornas especial,
Sou algo além do normal,
Sinto-me única em teu berço mortal.