PORTA DE CASA
Chave fechadura
Abre logo porta dura
Empurra vai empurra
No silêncio da escuridão
Essa chave não gira não
E agora?
O relógio diz ser madrugada
E essa fechadura continua, assim, emperrada...
Já sei! Só pode ser isso
Devo ter um óleo na sacola do mercantil.
Estou sem meus óculos
Antes de sair pra tomar uma,
Esqueci no escritório do patrão
E nessa escuridão,
Procuro o óleo, sentado no chão
Achei! Finalmente achei!!!
Respingo nos espaços que avisto
Tudo parece estar rodando
Está tudo embaçado
Os meus olhos, cerrados, forçam pra abrir
E a escuridão me atrapalha
Chave gira? Não gira.
Empurro de novo a chave
Coberto de um suor salgado
Respiro fundo, amargurado
Espero sucesso em minha última tentativa
Não acredito!
Não moveu nem um centímetro
O coração acelerado
A tontura me possuindo
Meu corpo caindo, espatifado no chão.
Sinto falta de ar
Não posso respirar
Dou um grito abafado
E um menino parado, lá em cima
Da janela colorida, diz, olhando pra cá
Seu moço, bastava a maçaneta girar...
Era tarde demais, meu bom rapaz
Tão tarde que o tempo deixou de servir.