Verso sincero

O fim é sempre um começo

A memória traz de volta a sombra

Do sentimento morto

Passado de pedras

O que resta no muro

Não são saudades

Edifica uma construção

Em ruínas

Pedaços da guilhotina

Pensando em rotinas

Trazidas do ontem

Sem alma

Mumificação

De uma transição.

Quantas vezes pergunto

Por que tem o sofrimento?

Alguém responde

São reflexos

Dos sentimentos

Diluídos em rios

Cruzando margens

Notamos

As nadadeiras da sorte

Das escolhas

Ninguém dirá que não presta

Um anzol que pescaria ilusões

Ninguém dirá que nada pescou

Na mercearia vende a preço

Do mercado

O minguado

Chora sereia na areia

Grita o mar

Gigantescas ondas

Do sofrimento

Quem nunca amou

Dira que são besteiras

Então um vai

E outro amor chega

No fundo escuro

Há sempre o que comer

Pão e água para sobreviver

Não adianta ir à igreja

Fazer promessa a quem

Quer que seja

Se os olhos não enxergam

Sem o céu

O limite de quem sonha

O pesadelo contínuo

A morte e com o o sono

Que não se acorda

Não sabe do relógio

Não sabe quem pariu

Não sabe se alguém chora

Sabe que está dentro de

Outro cérebro

Intacto passando filme

De uma vida que veio chorando

Cresceu na inocência dos anjos

Casou na ilusão de ser eterno

A separação do corpo e da alma

Energias se apagam

São solitárias as memórias

Estendidas e a longo prazo

São esquecidas

Quem o mundo gerou

Seu o sol para trazer luz

Quente

A noite para dormir

Para sonhar

Ensaios da morte

E com o saber do lado de lá...

Um pé dentro de um mundo

O outro andando nas trilhas

Das memórias

Ressuscitando tantas histórias.

Já não liga para ansiedades

Se não sabe da verdade

Ou mentiras contadas

Agredidas pela consciência

Que eleva

Bate e condena

Quer saber

Ame muito se o amor sentir

Chore muito se precisar

A dor diluir

Faça sua cama

Desarrumar

Tenha preguiça de vez em quando

Ouça cantigas que anime o corpo

Então dance conforme a música

Mas viva

Quando partir de verdade

Não saberás como voltar

A um corpo inexistente

A lembrança não deixará

Saber que amor

Paixão

Perdão

São sementes geminadas

Na água

Na pedra

E na terra.

Se soubessem

Teriam o plantio

Da alma do universo.

nesse verso

Sincero...

Lilian Meireles
Enviado por Lilian Meireles em 05/10/2017
Reeditado em 05/10/2017
Código do texto: T6133359
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