colorblind
Flerto sempre com você quando me sinto pra baixo, porque a tua grandeza torpe me seduz.
Seus olhos brilhantes, porém mórbidos, como imagino que sejam, reluzem como ouro.
Penso no limite que existe entre você e eu, que não é corpóreo e nem incorpóreo, como diriam alguns estóicos. E filosofo pra tentar esquecer.
De tempos em tempos, me aproxímo como se fosse uma salvação para meus pecados, logo você...
Todos os meus pecados e culpas parecem se soprepor a qualquer coisa boa que eu já tenha feito ou dito. Todos os questionamentos sobre estar de pé me derrubam.
Estou deitado e sem forças pra levantar, enquanto você me enxerga por dentro e me decifra, tripudia em cima. Sei que, assim como outros, teus risos se voltam contra mim. O peso do meu próprio mundo me esmaga, o próprio mundo que moldei com tanto afinco... pra quê? Por que?
Em minha direção, tu vens. Já anuncia teus sinais, como diria Alceu.
Mas eu, como bom anti-social que sou, fujo e tento me afastar.
Ah, sujeito mor! Te espero.
Sei que um dia chegarás, mas não será hoje. Não será hoje.