Linhas escarlates
Preparo o garrote
Amarrando firme o pedaço de borracha
Meu braço ja acostumado com a picada
E a outra ponta
Leva para a caneta
Derramo incontáveis versos
Que vibram em carmesim intenso
Desde sempre escrevendo assim
Descarregando mazelas da vida
Frustrações e desgraças
Mas também paixões avassaladoras
Que iluminariam estados
Com tamanha potência que tem
Porém elas me exaurem
Como estrela cadente no céu
Sendo pulverizada na extratosfera
Causando lindo, porém lúgubre espetáculo
Maldição de altos e baixos
Que bomba inspiração no sangue
Que flui para a caneta
Que verozmente me devora
Em raras ocasiões há momentos de paz
Que geram textos leves
Com certa beleza em detalhes diminutos
Contudo a sombra taciturna não esquece
E me arrasta para o breu
E meu coração pulsa dolorido
Precisando aliviar-se
Para não afogar no véu cor de ébano
Roga a cada letra
Que um dia essa maldição se quebre
E o sangue que bombeie minhas palavras
Seja revestido
De paixão
De reciprocidade
De pequenos atos
Da direfença a qual ninguem nunca fez