Museu de Pêlos
Falto de pêlos, a criança, pelos corredores de um museu público, agoniza... a imagem da pequenez se esvai. Os pêlos, soberbamente faltosos, são a preferência. Pelas cadeiras mais vis, os pêlos são esquecidos. Agora, o pêlo serve de uma coisa somente: para no futuro, quando a criança exterior deixar de ser e restar somente a criança interior (seja no bom seja no mal sentido), ser usado como arma ideológica, como porquice mascarada. A nudez, porém, está em trabalhos ativíssimos, trabalhando (como que prestes à forca) sem parar: o despir do ventre fecundado, a nudez da dança erógena, os pêlos que nem chegaram a vestir a péle que deveria ser trajada. "Eia! ao trajar da infância!, seja louvada a inocência arrancada pelos olhos; e quando a penugem chegar, quando as folhas nascerem sobre o corpo estival, sobre os seios reprodutores, então que mil papagaios me sejam dados, mas que nenhuma mulher me seja mantida" diriam. E de caminhos em caminhos, pelos quais os pêlos não mais têm percorrido, o pêlo pubiano não mais é requisitado; ao contrário, prefere-se que ou não nasça do ventre ou que permaneça no ínterim maternidade-pré-pubescência. É um museu de pêlos: eles estão à mostra por um motivo: para serem recordados, mas não utilizados nos devidos fins, para serem colocados nos anais da história de uma Sodoma e Gomorra atual; e não por estarem em extinção, mas por serem maliciosa, objetiva e convenientemente expostos como inúteis ao crivo, sem razão de ser, despojados de sentido, militados. Neste museu, a rainha pedofilia chamou-se de arte e ascendeu ao trono da impudicícia, ao lado do rei aborto, que, privando milhões de pequeninas do sangue menstrual, dos pêlos saudáveis, do casamento digno, do leito sem mácula, deu-lhes sangue por um fórceps e pêlos em formato de náilon para enforcamento.