Solos de violão, teu corpo que toco
Solos de violão, sala vazia, janelas abertas,
nuvens espreitam chuva benfazeja formando-se.
Teu corpo, canção que toco e dedilho aventuras,
nu sobre a cama do quarto de porta entreaberta.
Olhar, hipnose, fascínio, sono de levezas,
embalado pela tarde sendo degustada pelo silêncio da casa.
Fragmentos de saudades passam nas entrelinhas do poema não lido.
O livro aberto na estante,
nem pensa o instante
e a folha se vira com brisa, mostrando outra página.
A vida é assim: livros escritos, às vezes sem leitura.
Emoções transcritas pela alma.
Há detalhes minúsculos que nem sempre são notados.
A beleza se exibe no esconderijo dos olhos que se negam a vê-la.
Olhos aprendem a vê-la quando sentimentos tocam.
Há canções pingando como gotas de silêncio,
bem distante, no recôndito do íntimo.
Solos de violão, teu corpo que toco.
Felicidade requer querer; é preciso que se busque.
Fico na magia de ver teu corpo nu sobre a cama,
pela porta entreaberta.
Quanta beleza!