Dor sentimental
O que é a dor sentimental? Ela é necessária? Atrasa a vida e deixa buracos que podem não mais ser tapados? Alguns se lamentam e procuram uma felicidade que se encontra em instantes, na tentativa de transformá-la em um sentimento onipresente e que se mantém constante. Outros se reinventam e conseguem ter “insights” que mudam seu cotidiano, de forma que conduza à produtividade.
Mas, a dor tem realmente um significado supremo e unilateral? Existem dores maiores que outras, assim como existem infinitos maiores que outros? Será se o sofrimento de uma pessoa pode ser considerado mais relevante que de outra em sua natureza? Será se somos tão egoístas, a ponto de criarmos escala que meça a importância da dor individual, de acordo com uma única concepção? Uma coisa é certa: ela é uma só. A forma como é sentida, jamais, pertencerá ao conhecimento e monopólio do homem. Está bem longe de seu alcance. Ela é vivida, rasgada, chorosa, silenciosa, rancorosa, melancólica. Só é. Por vezes, clama por justiça, realiza protestos e passeatas no Eu. Outros meios já revelam que prefere consolidar-se.
Parece ser complexa, mas é muito humana. Talvez, é o que nos torna mais humano. Agora, a dor precisa caminhar, atravessar ruas e becos, corações e desilusões, infelicidades e fracassos, talvez, até mesmo o próprio bem-estar. Ah! Nesse bem-estar ela parece se acalmar. Que fique por aí, ou continue a vagar.