A rotina do pensamento
Por Luiz A G Rodas
Propositalmente, sempre deixo minha janela interior entreaberta.
Despertada é, diariamente, minh'alma pela suave brisa matutina; pela luz; pela pouca luz dos estreantes raios solares. Nenhuma soneca adicional me é possível.
Do telhado, ouço afinados cantos de pássaros. Da vizinhança, o inocente choro de uma criança, talvez reclamando peito.
Inicio diálogo com Ele. Recebo como bom dia o necessário alimento espiritual. Através da meditação e da oração, sou remetido a minha pátria transcendental, onde me permitem agradecer a maravilhosa oportunidade que é a vida.
Opa! Quase perdi a hora. A realidade me chama, me grita; reclama. Apresenta-se o planejamento das prioridades das prioridades.
Fujo, desobedeço. Corro às consultas, leituras de aperfeiçoamento, conhecimento, auto conhecimento.
Refeito, agora sim, consigo dedicar-me às escolhas. Posso discernir.
Inicia-se a batalha, ou seja, o dia. Enfrento fantasias, fantasmas, barulhos, arrogâncias e a pouca educação.
Por sorte, tenho um filtro. Sim, o filtro. Até estava esquecido do filtro da ética e dos bons costumes. Faço a minuciosa filtragem dos bombardeios de notícias, das avalanches de informações.
O dia avança. Quente, ansioso, inquieto, medonho. Até aí nada se altera, nem mesmo o tédio.
A tarde cai. E, felizmente com ela, declinam os fracassos, decepções, tentações, e as tentativas também. Antes do pôr do sol, ainda lamento pela falta de sorte, pelas objeções e desencontros..
Chega a noite. Enfim a noite. Assim como o seu invólucro físico, o espírito, altamente exigido, também requer o merecido descanso.
A temperatura amena chega na companhia das emoções, das esperanças, dos anseios, dos projetos e reflexões.
Brindo a terceira etapa diária com novas orações mas com os meus repetidos pensamentos.
Bem-vindo sono.
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