O acaso
É possível fazer poesia com um olhar,
ou até mesmo com um copo de cerveja.
A poesia está até nos flancos das calçadas sujas
onde você mora.
Eu continuo aqui, esperando uma breve guinada
para contemplar o doce veneno disso tudo.
Vamos falar de revolução, de partidos, de corações
partidos. Essa balada nunca acabará meu bem.
As eleições passaram, nossos gritos de protesto passaram.
O que não passa é a febre causada pela distância.
Há em tudo uma projeção filosófica e metafísica, mas tenho
certeza de que não se importa com isso.
Alívio. Há sempre um canto no mundo onde podemos
nos refugiar desse inferno todo que é ser.
A possibilidade infinita de re-ver-te acaba em instantes de dias.
Mas o bar, o calor, e nossas risadas olhando para o céu, até nos dá um gostinho de esquecimento necessário nesse tempo tão torpe e ditatorial.
A vida? pouco importa. A esperança é a última que nasce.