Intimidade XX
Para que fim dissorar em vida a alma!? desviar a vontade, que não a da própria casa! Comparando a vida como uma linda canção, sabemos que para gostar dela, ser bonita aos olhos, mente e coração , tem que sair afinadissimo, do jeito nosso, senão, não acontece, a rolinha não canta dentro.
Além disso, para a entoação não passar de um trágico melodrama, deve obedecer a harmonia do grupo de Almas que participa da mesma melodia, para que o dom da vida atenda todos, sem ferir sensibilidades.
A cantiga será tocada sozinha por nós se não utilizarmos do meio sublime, a arte do atuar ético, campo devastado na atualidade pelo ego que insiste manter o espírito subordinado aos seus caprichos.
Executamos, muitas vezes, entonação dos outros como fosse nossa, e ainda, ao invés de cuidarmos da nossa costura, enveredamo-nos no caminho do domínio das vontades alheias, na tentativa de convencer outrem a destituir-se do próprio gosto para adotar o nosso.
A sabedoria antiga indiana poetizou no Livro Bhagavad Gita (Suprema Canção ), inserindo maravilhas sobre a alma e a fazedura ilusionista dela.
Me prostro louvando a Deus, Fonte eterna, Insubordinada, Indestrutivel, Indiscernivel...Insondável.
É difícil acreditar em tempos de profunda transformação e mudança, que tudo é "maia", ilusão, de que esta vida conforme se apresenta, seja no terremoto, ou na guerra anunciada, não passa de um processo metabólico da natureza, que inclui o resultado do descaminho do homem criar a realidade.
Seria o final da era do ferro predita pela sabedoria indiana? O fim apocalíptico mencionado pela Bíblia Cristã? O cumprimento das profecias anunciada nos séculos passados? O início da era de aquário e seus ajustamentos?
Não deveríamos de nos preocuparmos, considerando que os problemas maiores não depende de nós solução, a não ser do melhorar do fazer ético e o cultuar Deus no honrar e cuidar da nossa própria mente e corpo, sabedores dos limite humano em manter-se, proteger-se.
Ah! Agora compreendo a manutenção no tempo da beleza das músicas clássicas das culturas e povos da terra, da beleza imensurável da oitiva de uma partitura de música clássica, ainda mais quando tocada ao piano, e ao vivo...
Ruben Alves dizia que os dedos do pianista, dependendo de quem toca, aparenta ter, às vezes, algodão, outras, esponja, outras ainda, aço; toca nossa alma de acordo com a vontade intrínseca da Alma musicista.
.
Aquele "ablo espanhol" denunciou de onde a moça era, a essência daquele espírito havia passado pouco tempo atrás a paisana em frente a mesa. Ali, degustava com minha irmã uma taça de açaí com frutas.
Taciturna, a jovem, esboçando expressão costumeira do mal humor pela inadequação ao ambiente viciado, que atualmente é tomado em alguns ambientes sociais, servia os presentes entregue as ações robotizadas, nem mais nem menos que o oferecimento do cardápio, entrega dos pedidos, e da conta.
Aproximando da mesa em que estava, bastou dizer a ela: "Você é espanhola?"
Dos olhos, por entre as pálpebras, acompanhado do regar do sorriso, denunciou de quem era aquele corpo físico, respondendo:
" Sou Venezuelana, ablo espanhol e inglês. Saiu da mesa como passarinho que havia encontrado o tom para assoviar o cântico da sua natureza, conseguiu ser vista na sua identidade.
Essas e outras aparecem como lampejo aos meus olhos, o abrir do frasco do espirito que se aproxima, até então embutido no corpo físico, vejo na penumbra a centelha se revelando no esplendor de sua natureza, como vapor na chaleira. Nestes instantes, a mordaça, o tecido de ferro que a era atual nos envolveu, estravasa, e a face da centelha divina se revela, em gestos, sorrisos, e tregeitos espontâneos.
Deveríamos nos aperceber mais, permitirmos o destampar do frasco que é nosso corpo físico, doando, partilhando amor, realizando Deus em nós pela conduta ética, não realizando o que não gostaríamos que fizesse a nós.
Se não sublimarmos a dura realidade que se apresenta, com a aceitação daquilo que não conseguimos mudar, se entregando à vida, como passarinho ao ar, seremos sucumbidos por nós mesmos.
Por hoje buscarei sobreviver, até que a noite encerre o dia, e o sono me vença. O amanhã? Deus proverá.
Assim seja.