Enquanto ele partia
E ele veio me explicar o que sentia...
Antes pegou as minhas mãos levemente. Esvaziou o olhar... e, lembro que pensei: iii.. aí vem bomba!
Já o conhecia bem para saber ler os sinais... até os mais sutis... até os invisíveis... porque esvaziar os olhos é não ter nada neles... e eu já via o nada nele.
Sentia seu pulso... acelerado.
Não posso mais ficar. Pra ela tenho de voltar, afinal são nove anos juntos e nós... nós só somamos nove meses, disse-me fugindo do meu olhar.
E foi detalhando o que sentia por ela. Engraçado como ele desfiava aquele rosário de explicações sobre seus sentimentos por ela.
E eu!? - perguntei... e por mim o que você sente!??
Não sei explicar...
Eu sorri... eu sabia que por ela não era amor o que ele sentia - e não, ele não fingia... ele simplesmente nem sabia que não era amor o que por ela ele sentia.
Lembro que eu li uma vez algo mais ou menos assim: 'se você sabe explicar o que sente... não é amor, porque o amor foge de todas as explicações imagináveis'.
Aposto, que até agora ele não sabe por que eu sorria enquanto ele partia.