SAUDADE DE MARIA FLOR

Na seca do meu sertão

O Cabloco faz a viola suar

Maria Flor deve ouvir

Algumas léguas daqui

Esse bonito cantar

A viola chora alto

Uma canção de esperança

Ao imaginar a distância

Que ocê deixou aqui

Ao ouvir nossa canção

O rebanho soluçou

Quando a saudade dói mué

Mas amor, sinto por ocê

Abro os zoios de vagar

Veja a beleza nascer

Lembro a fita no cabelo

O riso que vem de ocê

Sabe que sou cabra macho

Vou pegar na roçadeira

Vou lhe dar o seu sustento

Mio mandioca farofa e feijão

Sou sertanejo solitário

Roceiro pobre lascado

Sem gado, sem carro, sem muié

"O peito mim soluçar

Afaga minha saudade"

Mas ouço os pássaros cantar

Uma canção a mimar

Que soa o grande desejo

Do sabor dos seus beijos

Tenho o sabor da vida

Experiência vivida

No sofrimento da terra

Na seca de amar

No puxado da viola

No amor da famía

Na saudade de Maria

Minha rainha flor

Rainha dos cabritos

No brió dos seus zoios

Que me chama atenção

Ao caminho dos seus braços

Na sua pele morena

Tenho minha alegria

A inocência da flor

Muié da minha vida

Vou sair dessa seca

Viajar sem destino

Na terra grande estrada de chão

Só levo minha viola

E a saudade do sertão

Talvez para outro planeta

Ou mesmo para a capital

Vou encontrar minha sorte

Maria minha flor

Vou com o coração gemendo

Com os zoios escorrendo

Água de sofrimento

Mas trago de volta ocê

E um simples sertanejo

Cantava sua canção

Santo Antonio ouviu tudo

De olhos arregalados.

Tânia M de J B de Melo

Tânia Melo
Enviado por Tânia Melo em 12/09/2017
Código do texto: T6112357
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