A Borboleta Azul
Essas chuvas de Novembro são um espetáculo a ser contemplado. Trazem com o vento o cheiro de terra e me levam para bem longe disso tudo... As roseiras(uma de cada cor) de dona Teresa já devem ter desabrochado sem ninguém além dela para admirá-las. Ninguém além dela e da borboleta azul.
Em todos momentos em que a felicidade entremeada de paz me tocou, lá estava a borboleta azul.
Como um ícone, uma pequena fada a brincar, buscando frutos caídos ao solo ou outras borboletas pra criar redemoinhos. Ontem avistei uma borboleta azul. Passou apressada como quem tivesse algo muito importante em sua agenda de borboleta a ser cumprido. Quando não tiver certeza de pra onde você quer ir siga uma borboleta azul. Eu quero estar onde as borboletas azuis marcam seus encontros. Lugares cheios de verde e de limo nos troncos. Campos pontilhados de flores onde os frutos aguardam pacientemente as mãos de uma criança que os colha. Seguindo uma borboleta azul você nunca vai encontrar-se num lugar feio ou perigoso. Perdida numa mata sem cicatrizes antrópicas você verá essas pinceladas de céu que receberam o sopro divino desenrolando suas probóscides pra furtar um pouco de néctar de uma flor desprevenida.
Por mais incrível que pareça existem lugares onde se pode ouvir o bater das asas das borboletas. Naquele planar-planar e bater de asas, como um maestro, ela desenha no ar as partituras do cantar dos pássaros. Nesse silêncio musical é que as grandes decisões deveriam ser tomadas. Talvez por não formarem panapanás é que sua existência simbolize a solitude íntegra dos monges tibetanos.
Sigam adentrando as matas sem trilhas, capitães-do-mato! Levem a noite para os vaga-lumes de três luzes e os dias de céus azuis para todas as criaturas que empenham-se diariamente em viver em paz.
Novembro de 2010