IntimidadeXVII

Até então estava de costas viradas enamorando o "Contato" que permite Eu estar aqui. Olhá-lo como numa tela de descanso prorroga o dever, provoca a desconexão com o mundo, me torna inerte.

O curso é irreversível, retomo a trilha e a trama dando "meia volta volver", vejo homens e mulheres que assim como Eu cintilam nas suas diferenças. Quero reagir conforme a maré, mas em sentido contrário estão os que são constituidos da mesma mistura que a minha querendo fazer o mesmo, dentro do critério que cada um escolhe atendendo ser um indivíduo pensante e atuante, num mundo que traz cicatrizes, restos de um passado recheado de intolerância, violência, subordinação de uma vontade sobre outra, guerras, matanças e mortandades de todas as estirpes.

Eis o estrago! E o conviver?. ..centelhas divinas que comigo atuam numa mesma natureza trafegam neste "mundão de Deus" querendo ser, fazer, conhecer.

As trombadas uns nos outros geram efeitos que extremam nas polaridades de uma única onda, o Todo, Organismo Supremo que trabalha sozinho; é o arquiteto, a maquina e o maquinista, dando pilha ao homem para expressar a natureza irrestrita da vontade, emoções que mudam somente de grau, reservando a "Ele" o "fiel" da balança, amor sem face que comanda o espetáculo, trazendo a justa compensação de forças, entregando a cada um o que é seu.

Quando relaciono, me exponho as sensações, impressoes, levando ter conceitos, escolhas, estimulando a outra alma também reagir em sentimentos e ações, que vai da empatia amorosa à aversão, à raiva, à mágoa, à ira, à inveja, à cobiça, à concorrência desleal, à ganância, à torpeza, uma lista extensa de emoções disponíveis nos armários de cada um, coisas que criamos na arte de querer fazer o mundo nos moldes da vontade centrípeta egoísta, que usamos como sendo real.

Até um par de século atrás, pela cor da pele ou status social, um homem era selecionado ao nascer, definido pela barriga que gerava se seria rei ou escravo, plebeu, servo ou senhor.

Faces e genitália queimadas de mulheres condenadas a ferro e fogo, seios decepados, alforrias concedidas a moribundos que apesar da liberdade, saíam sem direção, entregues à própria sorte, sem nome nem documento.

Ter filho a qualquer custo, mulheres como novilhas confinadas, eram levadas à clausula para gerarem sucessores em terras longínquas ao do país de origem, tudo para oferecer a prole ao lucro a qualquer custo.

Apertando o "rec" da história, há pouco mais de dois séculos atrás, homens e mulheres sendo vendidos como produto de comércio, destituídos, subordinados a outrém para servi-lo , escravidao que nao poupou cor de pele, que se repetiu de tempo em tempo nos quatro cantos do mundo,matanças, torturas, quinhentos anos atrás. ..mil anos...dois mil... o mesmo fato.

Hoje, para não levar ao nausear da alma, deixo no standby a TV, os calos estão fresco no sangue que corre nas veias, a neurose coletiva é vista na sociedade armada, nos iguais que não conseguem viver sem os efeitos das drogas, legalizadas, e ilegais.

O mundo pede pausa.O homem no Homem esqueceu do seu limite. Pede descanso. Saturou.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 11/09/2017
Código do texto: T6111456
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