Só por um olhar
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Certa vez ela estava distraidamente olhando para seus olhos.
Sem definir, por querer, nem por indefinido instinto, sem causa, ou razão.
Apenas por olhar, por obedecer aos olhos, seu mais precioso bem,
como sempre diz.
De repente, ele volta-se e diz:
- Está me olhando por quê? Tentando adivinhar meus pensamentos?
Teria sido bonito ou divertido, se o tom da voz, o olhar inquisidor e a crítica maldosa, não estivesse, depois, carimbada “na cara” dela.
Nunca mais ela o olhou ou viu, com a beleza , cuidado e ternura como sempre acontecia.
E jamais haverá "outra vez".
Nunca mais ele teve outra oportunidade para deixar fluir aquele olhar de amor dedicado, amor bem cuidado, delicado amor, quase sagrado.
Assim iniciam-se amores de uma vida (não é o caso desses dois), mas de alguns poucos , infelizmente. Porque uma das partes, a insegura, temeu sabemos lá o quê.
Ela evita, agora, olhar para ele. Coisa mais feia, indelicada e desastrosa o que ocorreu!
Resultado: a taça quebrou, espatifou-se em mil pedaços
e, a outra parte adquiriu uma ferida que jamais irá sarar.
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