Insignificâncias
Hoje tudo pode.
Cobiça, apatia, despojo.
A náusea, a flor, o nojo.
Cadê o Poeta?
O pecado foi expulso do jardim.
O crime mora ao lado,
Em palácio ensolarado.
Sem sujeito, o predicado não compensa.
Deus guardou os coturnos
Lá pelas bandas do Cairo.
O diabo caducou na filosofia.
Reza ainda a lenda...
Quem ouve?
Igual a aranha ameia a rede,
Faz notícias a feia imprensa.
Pesar o sal do bem ou o doce mal
Nem se pensa.
Na balança
Só a solidão continua imensa.