EU E OS ESCRIBAS (80)
O menos que um escritor pode fazer,
numa época de atrocidades como a nossa,
é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre
a realidade do seu mundo, evitando que
sobre ela caia a escuridão, propícia
aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos.
Sim, segurar a lâmpada a despeito da
náusea e do horror. Se não tivermos uma
lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco
de vela ou, em último caso, risquemos
fósforos repetidamente, como sinal de que
não deserdamos nosso posto.
(Érico Veríssimo)
Se houveres tudo perdido
no estreito túnel de Bósforo,
busca ainda na vida o sentido,
riscando fósforo . . . fósforo . . .