A Alma e a Poesia
É à noite que minha alma passeia
A poesia vai levando-a pela mão
Juntas bailam, evoluem em volteios
Às vezes durmo, outras vezes não
A vigília deixa-me vê-las felizes
No seio da floresta perfumada
Onde há flores de muitas matizes
Onde azuis borboletas farfalham
E lá, exato onde o arco-íris acaba
Colhem as mais frescas palavras
Sempre unidas, a alma e a poesia
Pois minha alma precisa de guia
É ingênua como o translúcido mel
De súbito partem céleres ao céu
E, vertiginosas, retornam ao chão
A fantasia apacenta todo coração
Frente à efemeridade de toda gente
Igualmente às coisas que se sentem
São torrões de açúcar na minha mão
Quero prová-los e eles se esfarelam
Viram areia doce, escorrem e se vão
Mas os versos colhidos ali estão
Obrigada, Dona Poesia, eu nada seria
Caso você me abandonasse um dia...