DIÁRIO DE UM ANARQUISTA, ii
Vou queimar os livros
Destruir as bibliotecas
Enterrar meu e-book no lixão
Vou furar a fila
Atravessar a rua fora da faixa
Morder tua boca
Transar contigo na praça
Vou subir a favela
sem usar colete
vou tomar o metrô sem bilhete
trepar sem preservativo
vou tirar o smart-fone do ouvido
Tirar o piercing do umbigo
E colar dentro do peito
Vou sonegar o dízimo
dar fim no carnê do IPTU
rasgar a roupa toda
e vagar pela cidade
feito índio do Xingu
não sei nada do cálculo da inflação
nem estudei planos de corrupção
não quero saber nada
vou subir o morro
e se quase morro
a quem pedir socorro
Tenho medo de elevador
vou pela escada
não vou me alfabetizar
para morrer ignorante
vou tirar o meu implante
não quero saber de nada, nada.