Haereticus
Eis a minha confissão: eu brinquei com a loucura, eu transei com a mentira, eu estuprei a verdade. Joguei fora pedaços de um tempo inestimável. Comi o pão que o diabo abandonou de tão duro. Acreditei que nada importa além de mim mesmo. Fui o filho pródigo dizendo não sê-lo.
Entre o fogo do inferno e as harpas do céu escolhi o submundo, a verdade mais pura. Ali eu me tornava invisível, até ser cuspido violentamente de volta ao útero de uma Terra Mãe que não me entendia.
Mas ei!, o poço não é tão fundo. Estou a me espelhar na água que nele habita; mesmo lá, parada, ela vive, não importa quão escura seja.