Não exatamente
        Prosa
 
 
Apresse-se em me ajudar...
Deixe-me apenas o essencial,
Quero a realidade,
Seja como for, venha...
É que àquelas mesmas estrelas,
Nunca nos encontrarão juntos.
Cada crepúsculo ido,
Não levará o nosso olhar.
Preciso parar de sonhar,
Corta as minhas asas.
Ah que vontade de encontrar o chão.
Peço, só um pouco do teu vazio.
Ensina-me à sentir a tua frieza,
Nisso acreditar.
Quando digo do teu vazio,
Estou falando deste que ficou.
Peço ainda mais um pouco;
Empresta-me a tua indiferença, arranca de dentro de mim certas coisas que eu não posso mudar. Ficarei com a poesia, esta espécie de alegria e tristeza, ora, dor incontida, daquelas que você sufoca, silencía. Tem o momento que ela não suporta e grita.  E sei, quando caminho por entre os eucaliptos, sentindo o seu cheiro, eu me engano, sinto uma sensação de liberdade indesejada e ao mesmo tempo de saudade do que nunca viverei.
Eles não seriam ciprestes? Quando qualquer paisagem me fala de uma infinita perda irreparável, consigo enxergar a verdadeira face da minha alma que não sorri, há uma outra imagem invisível refletida no lago da tristeza, silenciosa, contrita.

 
- Liduina do Nascimento
 
            







        
Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 27/08/2017
Código do texto: T6096566
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