Tempo
Ah! O tempo... Muito se leu, se viu, e se ouviu a respeito. Duas sílabas que por mais que formem uma palavra pequena expressam a grandeza da dualidade do significado que ela carrega: o reduzido e o amplificado.
O poeta da MPB, Caetano, em dois de seus versos de sua Oração ao Tempo, diz brilhantemente: "Por seres tão inventivo/ E pareceres contínuo..."... e é aí que reside a grande questão sobre esse tal tempo, que se perde, que se ganha, que é e que às vezes não é.
Refletindo sobre esse problema, nem precisa ser niilista para notar que o tempo, aquele que se passa e que está por vir, é por si só motivo de angústia, de náusea (para referenciar Sartre) e, evidentemente, de dor.
Por outro lado, a urgência natural do tempo - e aqui não me refiro às pressões que o sistema econômico que está acima de nós nos obriga a passar em diversos aspectos de nossas vidas, se não todos- nos impele a fazer, e a sobretudo ser, o melhor que podemos na única fase verdadeiramente real desse tal conceito: o agora.
Tendo em vista tudo isso, o que nos cabe (ou o que nos resta) é viver bem esse tal tempo, ou seja, esse espaço entre o início e o final: o presente. Nesse sentido, o desafio é enfrentar o próprio obstáculo das ansiedades de ficar preso ao passado e de atentar-se sempre ao que vem depois, no futuro, esquecendo que o que se vive e faz a diferença no nosso existir bem é o agora.
Terminando, deixo uma poesia de Paulo Leminski que retrata bem a vastidão de significados do tempo indicado no início do texto:
"Tem horas que é caco de vidro
Meses que é feito um grito
Tem horas que eu nem duvido
Tem dias que eu acredito."
Que os dias sejam extensos e que os últimos versos, sobre esperança, possam ser multiplicados no nosso existir agora. :)