Flor selvagem...
Desabrochou uma deusa, com trejeito de nobreza
e vagueou ao léu.
Chovia...
O corpo nu refletia no espelho do asfalto.
Ainda, uma luz peregrina iluminou seus passos.
Vestida de alegria e sôfrega de prazer, seu espírito notívago fantasiou muitos sonhos.
Encantada com os segredos da madrugada abraçou a orgia e sem ver a luz do dia, no submundo submergiu.
Adormecida na ilusão deixou de ver o arrebol da aurora, pois não ouviu o canto dos pássaros, o rumorejar do vento e não hauriu o inebriante perfume das flores.
Tornou-se amante da noite e sua virtude se desvirtuou numa vida profana.
Sua alma mergulhou numa voragem e adoeceu de solidão...
Lágrimas gotejaram do coração e a dor no peito aflorou.
A madrugada já era velha e a morte a espreitava.
Amanhecia, quando o sol brotou no leste com seus raios dourados e daquela face lívida desprendia um triste sorriso.
As horas passaram e o poente descolorido acompanhou o
sepultamento, seguido por um cortejo de anjos...