Flor selvagem...

Desabrochou uma deusa, com trejeito de nobreza

e vagueou ao léu.

Chovia...

O corpo nu refletia no espelho do asfalto.

Ainda, uma luz peregrina iluminou seus passos.

Vestida de alegria e sôfrega de prazer, seu espírito notívago fantasiou muitos sonhos.

Encantada com os segredos da madrugada abraçou a orgia e sem ver a luz do dia, no submundo submergiu.

Adormecida na ilusão deixou de ver o arrebol da aurora, pois não ouviu o canto dos pássaros, o rumorejar do vento e não hauriu o inebriante perfume das flores.

Tornou-se amante da noite e sua virtude se desvirtuou numa vida profana.

Sua alma mergulhou numa voragem e adoeceu de solidão...

Lágrimas gotejaram do coração e a dor no peito aflorou.

A madrugada já era velha e a morte a espreitava.

Amanhecia, quando o sol brotou no leste com seus raios dourados e daquela face lívida desprendia um triste sorriso.

As horas passaram e o poente descolorido acompanhou o

sepultamento, seguido por um cortejo de anjos...

magda crovador
Enviado por magda crovador em 24/08/2017
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