Quimera
É pior que "...um andar solitário entre a gente"...já expressava nosso Mestre Camões.
Imensurável dor, constatar que, todas as tentativas de convívio social, frustraram-se.
Sobram-me apenas, os anos somados, estes, arrastam- se
Enlevo da alma, há muito, é uma quimera,
Libertar-me da escravidão do pânico, quem dera!
Viver por viver, não é razão para se viver.
Sonhos, metas, objetivos, esvaíram-se de meu ser!
Nos recônditos mais profundos, o vazio faz morada,
No âmago de minha essência, sinto-me abandonada!
Tamanho amor, paciência, dedicação familiar, difícil expressar.
Gratidão, apreço e reconhecimento, impossível mensurar!
Extirpar essa amargura que oprime o peito.
Como, quando conseguirei eu, este feito?
Mirram-se-me as forças, em sua abrangência.
Encontrar-me novamente viva, é minha urgência!
Terei eu resistência para colher estes louros?
Angústia, sofrimento, parecem-me tão duradouros...
Sedenta de viver, suspirando a alegria, cá estou eu.
Veracidade que tudo isto, na distância se perdeu?
Este estado letárgico insuportável, é contumaz.
Libertar-me-ei dessa escravidão serei capaz?
Uma centelha fumegante, necessário é mantê-la.
Busco-a como a um respiro, não posso, perdê-la!
Esperança na cura é surreal.
Entregar-me ao desespero, é fatal!
A vida reservou-me tamanha perfídia.
Como não ficar aturdida?
Planos futuros longínquos estão.
Desfraldados... Se vão!
Que mola propulsora terei.
Se de todos os modos me agarrei?
A alma aspira lograr descanso.
Haverei de expurgar este pranto?