Liberalina

A Liberalina tinha muitos irmãos.

Das meninas, era a mais novinha.

Com a mãe, aprendeu a costurar.

Era tão pobrezinha, a pobrezinha.

Mas, tão alegre e faceira.

Quase sem recursos,

Confeccionava seus próprios vestidos.

Gostava de fazê-los pregueados.

Não tinha máquina de costura.

Usando apenas agulhas e linhas,

Fazia tudo à mão.

Seu próprio vestido fazer,

Dava-lhe muito orgulho e satisfação

quando os elogios chegavam,

Seu ser se enchia de prazer.

Os olhinhos até brilhavam.

Era tudo um trabalhão.

Mas, costurar era uma alegria.

Com um sorriso no rosto

E uma paciência sem fim

Fazia tudo

com muito capricho e gosto

Enquanto cosia,

já se imaginava desfilando no salão

Atraindo os olhares do moço mais

Bonito e cobiçado da região

Era só isso o que ela queria

Não tinha pressa nenhuma,

Ali não havia escola.

Amigos, quase não havia.

Nem livros,

Nem trabalho,

O jeito era a vida enfeitar.

Pois o tempo, naquele tempo e lugar,

Passava muito devagar.

E assim, devagarinho,

Ponto por ponto,

ia cosendo o seu vestido verde,

para no domingo usar.

E quem sabe,

um coração conquistar.