Pedido às estrelas

Um dia, em algum lugar da Terra, escrevia solitária uma criança para as estrelas. Pedia a noite para que fechasse seus olhos como beijo de boa noite de mãe, que serena nos olhos a sonolência de suas palavras como pólen, doce e seguro - nas mãos de um amor de ternura e encanto de inocência. Escombros de lágrimas abriam rios no aspecto lívido de sua carinha escondida entre enormes cachos ruivos, uma tristeza cinza cobria-lhe a alma de névoa perfumada em mágoa que floresciam nos olhinhos cheios de brilho de estrelas a contá-las; sofria com uma delicadeza muda nos gestos, entregue ao brilho da noite minguante de luar aromado em lágrimas que formavam charcos de passadas tristes nos cílios pestanejantes e mecânicos.

Pediu aos céus que a levasse embora. Fizesse de sua alma uma estrela a existir somente para quem, de algum lugar das sombras, estivesse à ver brilhar. Em seu peito, ainda broto em flor, infla levemente, como coração morrendo, uma esperança: - de que ao dormir, ao menos, traga-lhe bons sonhos e cuide dela as estrelas, deem-lhe um beijo de boa noite, e cubram-lhe o corpo...

Fiódor
Enviado por Fiódor em 17/08/2017
Reeditado em 17/08/2017
Código do texto: T6086489
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.