Pedido às estrelas
Um dia, em algum lugar da Terra, escrevia solitária uma criança para as estrelas. Pedia a noite para que fechasse seus olhos como beijo de boa noite de mãe, que serena nos olhos a sonolência de suas palavras como pólen, doce e seguro - nas mãos de um amor de ternura e encanto de inocência. Escombros de lágrimas abriam rios no aspecto lívido de sua carinha escondida entre enormes cachos ruivos, uma tristeza cinza cobria-lhe a alma de névoa perfumada em mágoa que floresciam nos olhinhos cheios de brilho de estrelas a contá-las; sofria com uma delicadeza muda nos gestos, entregue ao brilho da noite minguante de luar aromado em lágrimas que formavam charcos de passadas tristes nos cílios pestanejantes e mecânicos.
Pediu aos céus que a levasse embora. Fizesse de sua alma uma estrela a existir somente para quem, de algum lugar das sombras, estivesse à ver brilhar. Em seu peito, ainda broto em flor, infla levemente, como coração morrendo, uma esperança: - de que ao dormir, ao menos, traga-lhe bons sonhos e cuide dela as estrelas, deem-lhe um beijo de boa noite, e cubram-lhe o corpo...