A Exclusão que Recruta
Enquanto nas ruas andamos
buscando no meio o que tanto sonhamos;
Enquanto perseverantes lutamos
Correndo, brigando, denunciando
Em canto anunciamos a esperança.
Irritados pelo descalabro,
Vis criaturas expelem em face porosa
O póstero domínio cantado
Em prosa e ladro.
Nas sombras uma besta nos espreita,
Nos assola, diminui, desrespeita.
Brinda-nos com açoites e enfeites,
Revelam escárnios empedernidos em meio
A fetiches de fera feito quimera.
Falemos e ele, o recrutador das trevas
Que ao novo entreva e o velho conserva:
O futuro para ti não se revela,
A morte castra a carne do tempo,
Mas a história testemunhará
A vida em obra
Dos que lutam pela liberdade.
Paulo de Andrade