Café
Um café expresso me causa sempre uma sensação de distância.
Ou, de querendo na pressa, chegar em algum lugar e até na espera de algo demorado que me deixa nervosa...
Ele também me traz a sensação do sorriso dos meus filhos me esperando no aeroporto, ou numa estação do tempo qualquer, com o abraço mais pessoal e mais gostoso que está no amor de cada um deles.
O café da casa da mamãe, tem o desejo de reunir outra vez toda a nossa família ao redor da mesa, fazendo a algazarra prazerosa de antigamente,
com todos falando ao mesmo tempo, rindo...
Ah que saudade daqueles cafés!
O meu pai nunca deixava de agradecer a Deus, antes de iniciar qualquer refeição. Era tanta opção, tapioca, batata doce, cuscuz, bolo de macaxeira, pão bengala, fresquinho, a manteiga derretia que derramava pelos cantos da boca. Poucos restaram daquela mesa, alguns já se foram, mas moram em minha alma.
Ainda assim até hoje, o nosso café das tardes com a nossa mãe, tem risos, tem a nossa voz. Ela sempre está contando uma história nova do passado, ou repetindo algumas que é sempre gostoso ouvir. O nosso café, tem o amor que permanecerá.
Os meus cafés de domingo...
Passe o tempo que passar, que haja novidades nos cafés, eu gosto mesmo é do café tradicional, coado no pano, fervido até a fumaça sair, e o cheirinho dele, a casa toda invadir...
Eu não deixo de tomar este café que me leva bem cedo nas manhãs de domingo, fazer a minha caminhada até a padaria, eu adoro, reencontrar velhos amigos em busca dos nossos pães quentinhos, nos falamos qualquer coisa e eu volto com calma, me banhando nos raios de sol, falando sozinha.
Depois, enquanto faço o meu café, fico baixinho cantarolando Bocelli,
vou lembrando do meu pai e de sua alegria enquanto saía o café, e da minha avó, meus amores, estes sim, loucos por café. Ah deste meu coração tão cheio de saudades. Mas, nada que cause tristeza, são lembranças de felicidade.
Daqui a pouco os meus netos, e meus filhos, porque dias mais que especiais, estes para nós, são sagrados.