Vergônteas

Como as plantinhas que crescem entre os paralelos das ruas,

ou as pérolas que nascem de uma ferida,

os dias resistem as tempestades,

o sol estará por cima das nuvens nos dias chuvosos.

Assim como as hortências na beira de um rio poluído,

ou as vergônteas que insistem em nascer num mundo cruel,

as palavras de amor também brotam do caos,

nascem da resistência humana ao destino.

Assim como tudo que morre e se renova,

assim como tudo que se move e se embaraça,

tudo que se cria e se estraga,

Tudo que abençoa e desgraça.

Há mais uma pá de terra,

Pra enterrar o passado,

pra sufocar os temores.

há mais um pouco de sujeira,

pra fazer adubar a terra,

pra tornar essa vida possível.

Há mais uma gota d'água,

pra dar vida a essa semente,

pra criar uma fé impossível.

Sempre há um canteiro improvável,

uma flor que nasce na lama,

um amor que brota,

uma verdade que aflora,

um novo amanhecer da alma.