QUANDO EU CANTO
QUANDO EU CANTO
autor: j.r.filho.
Cantar é se deixar fluir no oceano da ternura, da languidez e da nostalgia. É se deixar levitar no etéreo e cósmico devaneio da musicalidade.
Cantar é, sobretudo, deixar-se envolver pela melodia que impregnada de sons ritmados transporta, por momentos, cérebros e almas para mundos os mais diversos.
Nada consegue inspirar tanto o ser humano quanto o Canto. Nada consegue dar-lhe tanta sensação de prisão e/ou liberdade quanto o Cantar. E, Cantando, somos todos heróis, libertadores, fugitivos, prisioneiros, amantes, apaixonados, ricos, pobres, socialistas, Cantores enfim.
Por todos esses atributos, Cantar é bálsamo para ungir o espírito e cicatrizar lembranças amargas. É, também, ação para trazer à tona sentimentos que fazem reviver momentos deixados para trás e que encheram de emoções e perspectivas mentes enamoradas, progressistas ou idealistas. Portanto, sem o Canto, homens e mulheres estariam privados dos demais sentimentos. O amor, torna-se-ia vazio, seria apenas uma atração momentânea na qual nem os clássicos sininhos do frenesi seriam ouvidos, quando o êxtase explodisse na libido dos casais em namoro.
Alicerçado nestes fundamentos, eu Canto a vida, Canto o amor, e Canto a liberdade que todo ser humano deve ter: o direito de Cantar a felicidade traduzida na certeza de uma sobrevivência justa e condigna, fraterna e igualitária.
E dando asas a firmeza que carrego comigo, de que um dia a liberdade sonhada será conquistada, desatarraxo as vocais presas na garganta e Canto: Abram alas pra minha bandeira! Já está chegando a hora... Já está chegando a hora.
Amélia Rodrigues-Ba. Setembro de 1986.
Texto publicado no Jornal Komunikando
Região de Feira de Santana-Ba..
Postado em 09 de agosto de 2017.