Deserto na alma
Foram-se os sonhos para longe de mim, por conseguinte, eu também me fui; bateram suas oníricas asas e me deixaram ausência e desesperança; nem cheguei a regá-los e minguaram, morreram em mim suas raízes antes mesmo que os fizesse crescer uma grande árvore; estou como terra de ninguém, um deserto onde nada cresce, uma esterilidade e falência dos sonhos; uma total desilusão de si mesmo que já não sonha senão com vertigens.
Ó, alma estéril, segue velho comboio, leva suas cinzas até o calvário!
Aguardo a chuva para refrescar minhas dunas solitárias para que, talvez, molhando-me a secura do coração, minhas terras se tornem férteis e comecem a brotar árvores de sonhos. Assim, sigo caminhando pelo deserto de mim mesmo, olhando para os lados esperando que as nuvens se amontoem e chova na minha alma, e esta cresça verdejante como crescem as plantas na relva...