Um texto triste, apenas
Lágrimas cálidas escorrem pelo meu rosto pálido, profundamente inexpressivo como o azul celeste, semelhante as rochas a deslizar água de cachoeira. Não acho na alma o caminho pelo qual vaza nos meus olhos desérticos e estáticos este choro anônimo. Vem de uma tristeza ancestral, dos longínquos reinos do espírito, jorrando do âmago do coração minha vida sobre minha face sem expressão. Olho para mim, e de fato não sei por que estou chorando, nada sinto senão a mim mesmo em pranto. Cristais místicos derramam-se de meus olhos num misto de sensação lúgubre de luto, de dúvidas e incertezas, numa angústia receosa de perder o controle de minhas emoções confusas. Estou solitário, como o são as pedras e a chuva. Nada há senão o calor das minhas lágrimas a esquentarem meu coração desolado, um terrível sentido de ausência e falta permeia o ar silencioso do meu quarto, preenchendo de vácuo os espaços tristes do meu ser abandonado na viela das sensações. Queria adentrar na substância de minha alma e abraçar-me o coração, pedindo-lhe desculpas por desolá-lo de desesperança. Ah, mas como poderia? se o intelecto o destruiu por completo!
Mas, tu bem sabes, eu sou apenas um pálido reflexo de ti, um desdobrar de mim sobre mim, que transborda pelos meus olhos entristecidos. Estou triste como um fim de luto, em calmaria e resignação, um desassossego calmo, chorando a mim mesmo no silêncio perpétuo do meu coração sem esperança...